quinta-feira, 26 de agosto de 2010

Jacque Rancière , Paulo Freire e a EAD

Considerando aqui a postura adotada pelo professor instrutor e pelo professor emancipador seguimos com exemplo a colocação de Jacque Rancière onde este expõe a visão de Paulo Freire para a educação considerando que em nossos dias temos que ser muito mais emancipadores so que instrutores principalmente quando nos referimos a EAD.
Para Paulo Freire a educação assume um papel contestador quando podemos considerar que não somente em ambientes formais de educação ocorre o aprendizado, assim podemos entender que somos capazes de apreender independente de onde quer que estejamos, considerando ainda que a educação que emana do povo também é uma fonte educadora onde somos condicionados a aprender e obter informações que contribuíram para nosso aprendizado.
Outro posicionamento ainda consiste na crítica a uma educação conteudista onde devemos considerar que a simples transmissão de conhecimentos não pode e não deve ser algo simplesmente realizado para que acha o acúmulo de conteúdos os quais muitas das vezes são desnecessários ao cotidiano de nossos alunos.
Ainda analisando o que é tido como o terceiro pilar na visão de Paulo Freire, encontramos a citação de que a “Educação é um longo processo de conscientização”. Para Freire somos seres dotados de uma capacidade ímpar do ser humano: a de educar-se através do diálogo em meio às práticas sócioculturais e politicas, considerando ainda as experiências trazidas conosco por meio de nossas vivências cotidianas, onde cada um de nós somos possuidores de uma vasta gama de conhecimentos empíricos ou científicos os quais aplicamos com bom senso em inúmeras situações.
Assim considerando que “ ninguém educa ninguém”, e acreditando que a educação consiste em um processo ora complexo ,ora simplificado onde em muitas das ocasiões o que vale é o que se
se aprende seja por indução , seja sozinho, seja por meios tradicionais modernos na Educação principalmente a EAD na qual agora estamos inseridos busca na verdade proporcionar uma melhor difusão e uma melhor adequação de nossas realidades quando possibilitamos um maior divulgação do conhecimento aqueles que ora eram excluídos ou que se limitavam aos métodos tradicionais de educação não permitindo a troca de informações ou até mesmo uma afirmação a exclusão de muitos tantos quando forem capazes de socializar conhecimentos adquiridos a longo de nossa educação desvencilhando dos modelos tradicionais onde temos em nossa frente o visão de um professor totalmente engajado na transmissão do saber compartilhado para abertura de um mundo educacional onde o aluno poder e deve abusar de todas as formas de aprendizado.

A POSTURA DOS SOFISTAS

A postura dos primeiros professores da filosofia ocidental era apenas de transmitir informações e opiniões. Os mestres sofistas usavam da retórica para aliciar a platéia e assim manter seu status de mestre, pois era através deste que conseguiam jovens que almejassem a carreira política e pagassem por suas “aulas”. Desprezados pela elite intelectual ateniense, pois muitos sofistas eram metecos (estrangeiros) e não possuíam os direitos de cidadania grega, esses filósofos contribuíram na medida em que foram os primeiros a colocar os problemas do homem no centro da reflexão filosófica.
Então mesmo que o método dos sofistas seja questionado e até criticado tanto no passado quanto hoje, não podemos negar que muitas instituições, inclusive as escolas, utilizam essa forma de transmissão do saber e com muita "propriedade", pois as igrejas evangélicas são as que mais crescem no país, graças a retórica de seus pastores, grande parte de nossos políticos (a maioria corrupta!) tem cadeira garantida nas câmaras, graças a sua capacidade de conseguir adesão e consenso, através da oratória.
Neste sentido a metodologia em EAD se coloca como um ensino inovador e emancipador pois difere totalmente da postura dos mestres sofistas em vários aspectos. Por exemplo, os sofistas gostavam de atuar para grandes platéias e buscavam através da retórica conseguir a atençâo, a adesâo e o consenso dos ouvintes. Já a metodologia em EAD, busca através de pequenos grupos construir um conhecimento que não seja meramente informativo e homogêneo.Em se tratando de ensino a distância, a figura do mestre é pouco destacada, na verdade nem existe um. quem faz as vezes de orientadores dos alunos pela busca do conhecimento são os tutores, os materias disponíveis pelos profissionais especializados em determinado assunto e a própria tecnologia.
Ao longo da História da educação conhecemos várias posturas de mestria, percebemos que a educação é fruto de seu tempo, se antes a instrução era tida como conhecimento e até mesmo status, hoje não podemos medir o conhecimento de alguém pela “bagagem” que ele carrega e/ou tenta transferi-la a outrem. Em tempos de globalização, de avanços tecnológicos, de universalização do ensino, os paradigmas educacionais devem ser revistos e transformados para que os mestres passem de meros instrutores de alunos, de simples transmissores de informações, para orientadores de conhecimento.Conhecimento este que, levará os alunos à autonomia intelectual e a emancipação enquanto cidadão.
A PROPOSTA LACANIANA DOS CARTÉIS

Para Sócrates a postura do mestre no processo de despertar para o conhecimento envolve o saber e a verdade. Lacan apresenta uma crítica a esta postura ao mostrar que o conhecimento adormecido ou esquecido não cobre todo o campo da experiência humana, colocando, então, o lugar do sujeito na questão. Para Lacan, a emergência do mundo simbólico no processo de desenvolvimento do saber não significa que o sujeito já nasce com o conhecimento, mas que esse conhecimento também é constituído por intermédio da função simbólica. Colocando essa questão, Lacan também coloca a questão do inconsciente, que impõe a valorização do sujeito no processo de aprendizagem. Lacan questiona a forma de mestria de Sócrates, quando analisa o diálogo de Mênon, o escravo a quem Sócrates deu elementos para o raciocínio, porque acredita na mestria do inconsciente. Portanto, Lacan propõe que seja por esta via do inconsciente a base do funcionamento da escola lacaniana: o cartel.

Com a finalidade de estudar e produzir conhecimentos sobre a psicanálise, Lacan cria a prosta dos cartéis que consistem em pequenos grupos de estudo formados por entre três e quatro pessoas, cinco no máximo e MAIS-UMA. Todos os membros desse grupo fazem seus próprios estudos de forma a obter produtos individuais de suas pesquisas e utilizam os momentos em grupos para discutir e expor seus avanços no tema desenvolvido pelo grupo. A figura do Mais-um é muito importante nesse processo, sendo que ele não atua como um professor, ensinando e transmitindo seus conhecimentos para o grupo, ao contrário, ele aprende junto com o grupo, mantendo a organização do grupo, motivando-o e acompanhando o processo que é desenvolvido por cada aprendiz pertencente ao grupo.

Com essa proposta, o cartél se aproxima muito da metodologia EAD, visto que não é a presença do líder, o tipo de mestria que é importante, mas sim o produto do grupo de estudos e dos sujeitos.
O questionamento da postura do mestre fundamenta a metodologia EAD na medida em que põe em cheque a real necessidade da figura do mestre para que o outro aprenda. A partir da existência dos cartéis, propostos por Lacan compreende-se que o aprendizado é possível mesmo sem a presença de um mestre, com o papel de ensinar e apresentar ao aluno o conhecimento. Essa proposta se aproxima da metodologia EAD no sentido de que adimite que não existe o saber acabado, e que o aluno é capaz de aprender sem um professor, no trabalho de busca pelo conhecimento. E que, neste trabalho, ele não está sozinho, tem o apoio de um tutor que, na EAD, pode ser comparado ao Mais-um do cartel. O qual, não vai transmitir seu saber ao aluno, mas sim, aprender junto, incentivar e influenciar para que o aprendiz obtenha seu próprio produto.

Mestria de Sócrates no processo de Ensino/aprendizagem na atualidade!!

Sócrates foi um sábio na antiguidade que contribui para o entendimento do ensino aprendizagem nos dias atuais. O mesmo defendia o diálogo como método educacional, mantendo sempre um contato direto com seus interlocutores, estes sempre em pequenos grupos, no qual Sócrates comparava sua posição de mestre como as das parteiras, onde o mesmo dizia nada saber para levar o interlocutor a apresentar suas opiniões, em seguida fazi-o perceber suas próprias contradições ou ignorâncias para que procedesse a uma depuração intelectual, surgindo assim o chamado “Parto das idéias, que era o momento de reconstrução do conceito, em que o próprio interlocutor ia “polindo” as noções até chegar ao conceito verdadeiro por aproximações sucessivas. Este método utilizado por Sócrates era conhecido como a maiêutica. De acordo com o pensamento de Sócrates, o saber, totalmente atrelado a verdade, não é algo que realmente se adquire, mas sim aquilo que está adormecido e precisa ser rebuscado dentro de cada um. Nesse sentido, o saber não é algo que se pode adquirir mas que se pode despertar. Assim a postura de mestria de Sócrates contribui para a metodologia de ensino à Distância, em virtude de o professor atual não se impor como detentor de saber, de um saber que deve ser transmitido e aceito pelo aluno como verdade, mas, se posiciona como um orientador que por meio de questionamentos, provoca no aluno a busca pelo conhecimento, não ensina uma verdade pronta, ele direciona o olhar do aluno para que este encontre o seu próprio saber. O professor ao planejar suas aulas deve buscar a necessidade de ajudar seus alunos a desenvolverem procedimentos para que possam pensar por si mesmos, admitindo a reciprocidade ao exercer sua função, permitindo que os alunos contestem seus argumentos da mesma forma que contesta os argumentos dos alunos, promovendo a troca de idéias que proporciona a liberdade de pensamento e expressão.

domingo, 1 de agosto de 2010

O ÓCIO CRIATIVO

O ócio criativo é o título do livro do sociólogo italiano Domenico De Masi, nesta obra ele expõe um conceito revolucionário de trabalho. De acordo com o autor...

"O ócio criativo é uma arte que se aprende e se aperfeiçoa com o tempo e com o exercício. É necessário aprender que o trabalho não é tudo na vida e que existem outros grandes valores: o estudo para produzir saber; a diversão para produzir alegria; o sexo para produzir prazer; a família para produzir solidariedade, etc”.

Nesse sentido Domenico propõem uma intersecção entre três elementos: trabalho, estudo e lazer. Quando o indivíduo consegue unir estes três pontos, ele está praticando o ócio criativo, que é uma experiência única e que proporciona uma melhor adaptação para as necessidades da sociedade pós-industrial, respeitando a individualidade do sujeito e proporcionando mais alegria e produtividade ao próprio trabalho.

Nosso blog não é uma experiência dessa meninas? A união de estudo, trabalho e diversão!
Estamos de volta...
Bons estudos e até mais!

Pollyanna Paiva Santos da Rocha

PARA SABER MAIS:
Masi, Domenico de - O Ócio Criativo - Rio de Janeiro - Sextante - 2000 - 328 páginas
Entrevista com Domenico: aqui