quarta-feira, 24 de novembro de 2010

SONHO

A obra inaugural da Psicanálise "A interpretação dos sonhos" de Freud coloca o sonho como a via de acesso ao inconsciente...
Mas o que é um sonho? Existe uma "fisiologia dos sonhos"? É necessário conhecer os mecanismos pelos quais o corpo passa na hora dos sonhos para poder interpretar um sonho? Interpretação dos sonhos é misticismo ou psicanálise?
Deixo uma dica de consulta no link abaixo que contém uma entrevista com um neurofisiologista sobre os sonhos no site de Drauzio Varella.
Bem esclarecedor e complementar a nossa matéria "Freud e a neurobiologia"

Entrevista com neurofisiologista Flávio Alóe
Até!
Pollyanna

segunda-feira, 22 de novembro de 2010

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sábado, 20 de novembro de 2010

A ORIGINALIDADE DE FREUD NA TORIA DAS PAIXÕES

Wendy Monteiro Ângelo**


RESUMO

Ao pensar a gênese da constituição sensorial do psiquismo sob uma perspectiva teórica científico-naturalista, Freud pode argumentar com um enfoque quantitativo e qualitativo as articulações entre as noções de qualidades psíquicas, quantidades de estímulos e princípios operacionais do sistema nervoso e ainda pôde considerar a consciência nesse aspecto qualitativo, admitindo a emergência de sensações conscientes. Freud deu à noção de prazer um estatuto particular na teoria sobre a vida passional do homem, atribuindo-lhe uma consideração negativa ao encarar todos os estímulos recebidos pelos neurônios como fontes de desprazer para o aparelho psíquico.
Palavras chave: Sensação. Neurônios. Psiquismo. Prazer. Desprazer.

ABSTRACT

In thinking about the genesis of the Sensory constitution of the psyche from a theoretical perspective scientific-naturalist, Freud can argue with a quantitative and qualitative focus the connections between the notions of psychic qualities, quantities of inputs and operating principles of the nervous system and still might consider consciousness this qualitative aspect, assuming the emergence of conscious sensations. Freud gave the notion of pleasure a special status in the theory about the passionate life of man, giving it a consideration when facing negative stimuli received by all neurons as a source of displeasure for the psychic apparatus.
Keywords: Sensation. Neurons. Psyche. Pleasure. Displeasure.



1. INTRODUÇÃO

A tradição filosófica que deu sustentação à concepção de Freud do prazer como fundamento da teoria da vida passional trouxe diferentes articulações de um mesmo núcleo central das paixões – amor, desejo e prazer. No século XVII, Hobbes estudou a natureza humana sob o primado do desejo, enfatizando a imaginação com fundamento do desejo. O pensador inglês delineou, assim, as primeiras configurações dos estudos sobre as paixões. Já no século XVIII, Condillac trouxe uma nova perspectiva para o estudo da natureza humana e sua vida passional a partir da consideração do par prazer/desprazer como determinante na construção sensorial do pensamento. Os filósofos no século XVIII, na França, partiram do monismo materialista, opondo-se radicalmente ao dualismo cartesiano, renovando o pensamento, trazendo diferentes articulações ao pensamento sobre a vida passional na modernidade e fundamentando a teoria das paixões. Suas filosofias estão presentes, portanto, no campo teórico das concepções de Freud, o qual conferiu um estatuto particular a essas noções.
Freud esforçou-se por relacionar o funcionamento psíquico ao “mecanismo do prazer”, presente nos estudos de Condillac, apontando às operações psíquicas o propósito de fuga da dor, ou seja, atribuiu-lhe a meta de evitar o desprazer. Freud diferenciou-se assim, dos demais filósofos no estudo das paixões por que ofereceu suporte material para as concepções de Condillac, apresentando uma perspectiva científico-naturalista que articula o sistema nervoso com processos psíquicos na configuração da vida passional.
Nesse sentido, Freud propõe que o sistema nervoso, enquanto suporte do psiquismo, dispõe e executa funções em sua arquitetura para promover por ação motora, o afastamento ou escoamento dos estímulos recebidos pelos neurônios. Essa proposta freudiana, apoiada na ciência natural, apreendia os seres humanos como objetos naturais aos quais se aplicam leis naturais. Articulando assim, o corpo e a mente, Freud ampliou o campo teórico sustentado pelo materialismo francês. Da mesma forma, nesse processo, Freud apresentou uma articulação fundamental entre o enfoque quantitativo e qualitativo do sistema nervoso em considerar as diferentes funções na concepção do princípio do prazer. Seus estudos conduziram sua teoria a uma concepção negativa do prazer, colocando o papel do desprazer como agente motivador no psiquismo, originalidade esta, que conferiu à noção de desprazer um estatuto particular em Freud.




2. O PRINCÍPIO DO PRAZER EM FREUD

Numa perspectiva científico-naturalista, Freud expandiu os limites da teoria materialista, considerando os seres humanos como objetos naturais e articulando o sistema nervoso com processos psíquicos. Assim, Freud relacionou inicialmente cargas elétricas e sistema nervoso, ocupando-se, posteriormente, de descrever geneticamente os processos psíquicos. Seu objetivo inicial, como diz em uma de suas principais obras sobre o assunto, foi “apresentar processos químicos como estados quantitativamente determinados de partes materiais capazes de serem especificadas” (BOCCA, 2010, p.40, apud FREUD, 1995, p.9). Para tanto ele concebeu quantitativamente as cargas ou impulsos em fluxo e como partículas materiais, os neurônios. Seu pressuposto toma por base a lei da inércia, que diferencia o impulso de repouso da ocasião do movimento, dando um enfoque quantitativo inicial ao problema e considerando qualitativamente os processos psíquicos pelo viés da teoria das paixões.
Postulou, assim, o princípio da inércia nervosa, onde os neurônios buscam libertar-se das cargas neurais. Ele explica a teoria mostrando que o sistema nervoso que compõe o ser humano tem sua arquitetura organizada por funções. A principal dessas funções é manter a variação dos estímulos recebidos igual ou próxima de zero. O autor coloca assim, a concepção de um sistema nervoso central em torno de funções sensoriais e motoras onde se combinam o movimento reflexo da mente e o princípio de inércia já apresentado. Considerando essas cargas como estímulos externos, tem-se que o sistema nervoso opera um escoamento desses estímulos a partir do movimento reflexo, visando realizar sua função primária de zerar os estímulos recebidos.
Mas Freud percebeu que o sistema nervoso também recebe estímulos endógenos, provenientes das próprias células corporais, que não extinguem a função primária de eliminar os estímulos e cargas neuronais. Tais estímulos internos da ordem dos sentidos, como a fome e a sexualidade, não permite escoamento pela ação reflexo-motora. Tais elementos estão relacionados à manutenção das necessidades vitais e por tanto, não podem ser eliminados pelo simples escoamento. Assim, o aparelho neurológico encontra uma forma de utilizar favoravelmente esses estímulos, armazenando-o parte deles e provocando alterações que atendam às demandas do organismo. Entra em questão o princípio da constância, onde o exercício de escoamento total dos estímulos dá lugar à eliminação do excesso, mantendo o nível de estímulos constante, a constância está justamente em recarregar o sistema. Nessa função, o princípio do prazer passa a atuar a fim de eliminar o excesso de estímulos, impedindo que quaisquer novos estímulos possam danificar o sistema e conservando uma pequena porção desses estímulos, para manter seu nível constante. Nesse sentido Freud aponta para uma característica do tecido nervoso, ou de pelo menos uma parte dele, relativa ao escoamento e conservação da tensão, que é a possibilidade de interferência em um processo único com resultados permanentes, ou seja, o sistema nervoso consegue conservar a alteração que sofre após a submissão aos estímulos. Freud admitiu a existência de dois tipos de neurônios no sistema nervoso, o phi, responsável pela percepção, e o psi, responsável pela memória. Eles emergem em função da intensidade de cargas a que são submetidos os neurônios, na sequência de transformações que causam efeitos diferenciados em cada momento de seu percurso no tecido neuronal. O autor destaca, então, essa diferença funcional entre as classes de neurônios, que permitem aos mesmos desempenharem as funções perceptivas e recordativas. A natureza dessa variação entre as funções está relacionada à quantidade de estimulação a qual os neurônios estão submetidos. Por essa mesma movimentação e arquitetura do sistema é que as barreiras de contato podem controlar a intensidade e quantidade de cargas recebidas e permitir o escoamento dos estímulos pelas células perceptivas ou promover a conservação da memória pelas células recordativas. É exatamente a capacidade de alteração duradoura do sistema após cada excitação que possibilita a realização de um registro ou memória pelo sistema nervoso. Com essa concepção, Freud deu suporte material às teorizações de Condillac, que também relacionou as sensações ao pensamento e à memória (BOCCA, 2010). Indo além do ponto de vista quantitativo, Freud buscou também responder a questão qualitativa sobre as motivações e causas das ações, escolhas e impulsos do homem. Além do que, como o pensador Locke mostra, sem esse fator qualitativo, “permitiríamos que nossos pensamentos se movimentassem desgovernados sem nenhuma direção ou desígnio (BOCCA, 2010, p. 45, apud LOCKE, 1978, p.173).
A filiação de Freud ao estatuto das ciências naturais, explicando o funcionamento operacional do sistema nervoso com relação à recepção de estímulos, percepção, função de escoamento, função de constância e memória, deu suporte às concepções de Condillac sobre o funcionamento de aparelho mental. Para tanto, Freud articulou argumentos quantitativos e qualitativos para explicar os processos e funções. É a partir desse enforque quantitativo com que tratou o tema, que conferiu ao princípio do prazer um estatuto particular na teoria das paixões.



3. O ENFOQUE QUALITATIVO DO PSIQUISMO

Para explicar o enfoque qualitativo do sistema nervoso Freud recorreu à consciência. No entanto, é difícil situar a consciência em um sistema composto por neurônios e quantidades, mas procurou-se analisar também a sua origem. Para tanto, Freud admitiu a existência de outro conjunto de neurônios, chamado Ômega. Assim, as diferentes qualidades correspondem aos níveis de excitação a que esse sistema é submetido, postulando a existência de sensações conscientes. Isso produziria a expectativa de que o sistema tivesse dispositivos para transformar quantidades externas de estímulos em sensações qualitativas. Operando sobre estímulos que não foram barrados anteriormente pelo sistema anterior, torna oportuna a primeira função geral do sistema, que é estar em repouso, promovendo o escoamento de quantidades excessivas de estímulos, mas também lhes conferindo qualidades. Ao tornar esses estímulos conscientes, o sistema Ômega gera motivos para as ações e pensamentos do ser humano, ao produzir sensações de prazer e desprazer. Tais sensações referem-se à intensidade e intermitência da ocupação do sistema pelos estímulos, sendo o sistema Ômega diretamente afetado pelos períodos de excitação, dando a possibilidade de qualificar os estímulos, operação feita pela consciência. Os processos excitatórios nos neurônios Ômega trazem consigo consciência em relação aos conteúdos dos estímulos.
De acordo com Freud, toda excitação sensorial produz desprazer e na mesma proporção do aumento da quantidade de estímulos, tende a produzir sensação de dor. No entanto, nem todo desprazer é dor, visto que o mesmo é resultante de toda e qualquer forma de excitação. Podemos ressaltar aqui, a filiação de Freud a Condillac quanto a admitir a função primária do desprazer no psiquismo.

No entanto, a perspectiva sustentada por Freud nessa época, de que toda estimulação provoca desprazer e por isso suscita sua descarga ou extinção, apresenta um inequívoco diferencial em relação à de Condillac. E nisso reside sua contribuição original relativamente ao enfoque das paixões na constituição mental. Enquanto Condillac definiu como certo que as estimulações sensoriais seriam em si mesmas agradáveis ou desagradáveis, Freud atribuiu à estimulação sensorial ser em si mesma desprazerosa, isso relativamente a um sistema nervoso que ‘deseja’ o repouso (BOCCA, 2010, p. 50).

Nesse ínterim, percebemos que Freud apoiou suas teorias das paixões nas intuições de Condillac, dando um suporte material para elas, por sua inclinação à perspectiva científico-naturalista. Mas a originalidade de seus estudos está não apenas em considerar quantitativamente as operações nervosas e articulá-las com a qualidade dos estímulos e sensações, mas em considerar como desprazerosos todo e quaisquer estímulos a que são submetidos os neurônios. Essa negatividade com que trata os estímulos difere bastante das concepções de outros pensadores sobre o tema das paixões.



3. CONCLUSÃO

A investigação de Freud sobre a origem das sensações no aparelho psíquico, explica o princípio do prazer por um viés quantitativo, devido a sua filiação ao mecanicismo, mas particularmente, traz uma concepção totalmente negativa do prazer, na qual propõe que todos os estímulos produzem necessariamente uma sensação desprazerosa para o organismo psíquico. Fez, com isso, enfatizar ainda mais o papel do desprazer, com seu estatuto particular, na construção sensorial do psiquismo. Freud ampliou os horizontes dos estudos acerca da natureza humana, e expandiu os limites do campo teórico composto por Condillac e outros filósofos e pensadores movidos pelo espírito materialista francês ou pelo empirismo inglês.
Além de articular quantidades e qualidades na relação entre assimilação, escoamento e constância de estímulos nos neurônios e sensações provocadas, sejam elas conscientes ou inconscientes, Freud, ainda problematizou a questão da consciência, que geralmente não encontra lugar numa pesquisa de perspectiva científico-naturalista que trataria apenas das quantidades e neurônios.
Ao explicar as funções neuronais que operam o princípio do prazer, Freud demonstrou a importante característica do sistema nervoso de ser transformado por uma operação única. Além disso, o aparelho psíquico também pode operar os processos de assimilação, escoamento e manutenção da constância. São essas capacidades que permitem que sejam assimiladas as sensações e retidas na memória. E pelo sistema Ômega é que é possível transformar quantidades de estímulos em qualidades.
Nesse ínterim Freud pode explicar como ocorrem os processos psíquicos, de onde emergem nossas sensações, pensamentos e memórias. O que possibilita fazermos nossas escolhas, iniciarmos ações, sairmos do repouso. E possibilita ainda que tenhamos um aspecto material do estudo sobre a gênese da constituição sensorial do psiquismo.
Ainda mais importante é percebermos o estatuto particular que a noção de prazer recebeu nos estudos de Freud e que expande os limites teóricos da investigação sobre a vida passional. Afirmando que todos os estímulos são desprazerosos para o homem em sua natureza, Freud nos leva a crer que apenas na morte o homem poderia ver satisfeito seu projeto original, o que está implicado na constituição de sua mente. A principal meta dos neurônios seria manter-se em repouso, livre de estímulos, por isso o sistema nervoso tem de executar funções como o escoamento a agir sobre o princípio da constância, no entanto, embora as operações mentais oportunizem esse projeto, nós nunca conseguimos atingir de fato este objetivo, já que a vida, ou viver e estar no mundo, já implica a recepção de estímulos externos e internos. Por isso esses estímulos são sempre desprazerosos porque vão de encontro ao sistema nervoso e em sentido oposto ao seu projeto original. Assim, seria correto dizer que, nessa perspectiva, somente na morte dos neurônios é que eles podem repousar.


4. REFERÊNCIAS

BOCCA, Francisco Verardi. Paixões e Psicanálise: dimensões modernas da natureza humana – Vitória, UFES, Núcleo de Educação Aberta e a Distância, 2010.

terça-feira, 9 de novembro de 2010

Freud no Orkut?

De acordo com a psicologia social, em grupo os indivíduos perdem sua individualidade em nome da identificação com os outros membros do grupo e seus ideais, e para Freud em grupo os indivíduos regridem a uma condição primitiva da mente, pois passam a agir por instintos, dando vazão aos desejos até então reprimidos. O que dizer então de um grupo num ambiente virtual? Onde tudo parece possível... Uma investigação neste sentido se faz justificar para compreender como muitos dos conceitos originais do pensamento freudiano são atemporais e contribuem para o entendimento de questões atuais. Para tanto este trabalho propõem uma análise da psicologia de massas presente nas redes sociais como o “Orkut”.
Leia o artigo "Psicologia das massas nas redes sociais" na íntegra visitando o ENDEREÇO
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Pollyanna