sexta-feira, 17 de dezembro de 2010

AS ORIGENS DO PENSAMENTO NA TEORIA DAS PAIXÕES

O que significa pensar? De onde vem o pensamento?Qual seriam as origens de nossas ideias e ações? Como funciona a mente? Por que preferimos tal a qual coisa? O prazer é determinante nesta preferência? Buscando resposta a estas indagações poderíamos recorrer a inúmeros filósofos em diferentes tempos históricos em diversas abordagens, porém o que este trabalho propõe é responder a estas questões através de um estudo sobre as diferentes articulações que paixões como amor, desejo e prazer sofreram na modernidade e que atribuem as origens do pensamento às sensações. Isto será feito visitando a Filosofia e Psicanálise, em autores como T. Hobbes e E. Condillac, e S.Freud.
Leia o artigo na íntegra agora visitando o web artigos!
Até!
Pollyanna

quarta-feira, 24 de novembro de 2010

SONHO

A obra inaugural da Psicanálise "A interpretação dos sonhos" de Freud coloca o sonho como a via de acesso ao inconsciente...
Mas o que é um sonho? Existe uma "fisiologia dos sonhos"? É necessário conhecer os mecanismos pelos quais o corpo passa na hora dos sonhos para poder interpretar um sonho? Interpretação dos sonhos é misticismo ou psicanálise?
Deixo uma dica de consulta no link abaixo que contém uma entrevista com um neurofisiologista sobre os sonhos no site de Drauzio Varella.
Bem esclarecedor e complementar a nossa matéria "Freud e a neurobiologia"

Entrevista com neurofisiologista Flávio Alóe
Até!
Pollyanna

segunda-feira, 22 de novembro de 2010

DICAS: Publicar artigos na Internet

Publique seus artigos, resenhas, poemas, enfim seus trabalhos, num site especializado e tenha suas produções divulgadas por quem realmente entende do assunto...É fácil e gratuito!

Confira o site:
Divulgar textos | Publicar artigo

Até!...
Pollyanna

sábado, 20 de novembro de 2010

A ORIGINALIDADE DE FREUD NA TORIA DAS PAIXÕES

Wendy Monteiro Ângelo**


RESUMO

Ao pensar a gênese da constituição sensorial do psiquismo sob uma perspectiva teórica científico-naturalista, Freud pode argumentar com um enfoque quantitativo e qualitativo as articulações entre as noções de qualidades psíquicas, quantidades de estímulos e princípios operacionais do sistema nervoso e ainda pôde considerar a consciência nesse aspecto qualitativo, admitindo a emergência de sensações conscientes. Freud deu à noção de prazer um estatuto particular na teoria sobre a vida passional do homem, atribuindo-lhe uma consideração negativa ao encarar todos os estímulos recebidos pelos neurônios como fontes de desprazer para o aparelho psíquico.
Palavras chave: Sensação. Neurônios. Psiquismo. Prazer. Desprazer.

ABSTRACT

In thinking about the genesis of the Sensory constitution of the psyche from a theoretical perspective scientific-naturalist, Freud can argue with a quantitative and qualitative focus the connections between the notions of psychic qualities, quantities of inputs and operating principles of the nervous system and still might consider consciousness this qualitative aspect, assuming the emergence of conscious sensations. Freud gave the notion of pleasure a special status in the theory about the passionate life of man, giving it a consideration when facing negative stimuli received by all neurons as a source of displeasure for the psychic apparatus.
Keywords: Sensation. Neurons. Psyche. Pleasure. Displeasure.



1. INTRODUÇÃO

A tradição filosófica que deu sustentação à concepção de Freud do prazer como fundamento da teoria da vida passional trouxe diferentes articulações de um mesmo núcleo central das paixões – amor, desejo e prazer. No século XVII, Hobbes estudou a natureza humana sob o primado do desejo, enfatizando a imaginação com fundamento do desejo. O pensador inglês delineou, assim, as primeiras configurações dos estudos sobre as paixões. Já no século XVIII, Condillac trouxe uma nova perspectiva para o estudo da natureza humana e sua vida passional a partir da consideração do par prazer/desprazer como determinante na construção sensorial do pensamento. Os filósofos no século XVIII, na França, partiram do monismo materialista, opondo-se radicalmente ao dualismo cartesiano, renovando o pensamento, trazendo diferentes articulações ao pensamento sobre a vida passional na modernidade e fundamentando a teoria das paixões. Suas filosofias estão presentes, portanto, no campo teórico das concepções de Freud, o qual conferiu um estatuto particular a essas noções.
Freud esforçou-se por relacionar o funcionamento psíquico ao “mecanismo do prazer”, presente nos estudos de Condillac, apontando às operações psíquicas o propósito de fuga da dor, ou seja, atribuiu-lhe a meta de evitar o desprazer. Freud diferenciou-se assim, dos demais filósofos no estudo das paixões por que ofereceu suporte material para as concepções de Condillac, apresentando uma perspectiva científico-naturalista que articula o sistema nervoso com processos psíquicos na configuração da vida passional.
Nesse sentido, Freud propõe que o sistema nervoso, enquanto suporte do psiquismo, dispõe e executa funções em sua arquitetura para promover por ação motora, o afastamento ou escoamento dos estímulos recebidos pelos neurônios. Essa proposta freudiana, apoiada na ciência natural, apreendia os seres humanos como objetos naturais aos quais se aplicam leis naturais. Articulando assim, o corpo e a mente, Freud ampliou o campo teórico sustentado pelo materialismo francês. Da mesma forma, nesse processo, Freud apresentou uma articulação fundamental entre o enfoque quantitativo e qualitativo do sistema nervoso em considerar as diferentes funções na concepção do princípio do prazer. Seus estudos conduziram sua teoria a uma concepção negativa do prazer, colocando o papel do desprazer como agente motivador no psiquismo, originalidade esta, que conferiu à noção de desprazer um estatuto particular em Freud.




2. O PRINCÍPIO DO PRAZER EM FREUD

Numa perspectiva científico-naturalista, Freud expandiu os limites da teoria materialista, considerando os seres humanos como objetos naturais e articulando o sistema nervoso com processos psíquicos. Assim, Freud relacionou inicialmente cargas elétricas e sistema nervoso, ocupando-se, posteriormente, de descrever geneticamente os processos psíquicos. Seu objetivo inicial, como diz em uma de suas principais obras sobre o assunto, foi “apresentar processos químicos como estados quantitativamente determinados de partes materiais capazes de serem especificadas” (BOCCA, 2010, p.40, apud FREUD, 1995, p.9). Para tanto ele concebeu quantitativamente as cargas ou impulsos em fluxo e como partículas materiais, os neurônios. Seu pressuposto toma por base a lei da inércia, que diferencia o impulso de repouso da ocasião do movimento, dando um enfoque quantitativo inicial ao problema e considerando qualitativamente os processos psíquicos pelo viés da teoria das paixões.
Postulou, assim, o princípio da inércia nervosa, onde os neurônios buscam libertar-se das cargas neurais. Ele explica a teoria mostrando que o sistema nervoso que compõe o ser humano tem sua arquitetura organizada por funções. A principal dessas funções é manter a variação dos estímulos recebidos igual ou próxima de zero. O autor coloca assim, a concepção de um sistema nervoso central em torno de funções sensoriais e motoras onde se combinam o movimento reflexo da mente e o princípio de inércia já apresentado. Considerando essas cargas como estímulos externos, tem-se que o sistema nervoso opera um escoamento desses estímulos a partir do movimento reflexo, visando realizar sua função primária de zerar os estímulos recebidos.
Mas Freud percebeu que o sistema nervoso também recebe estímulos endógenos, provenientes das próprias células corporais, que não extinguem a função primária de eliminar os estímulos e cargas neuronais. Tais estímulos internos da ordem dos sentidos, como a fome e a sexualidade, não permite escoamento pela ação reflexo-motora. Tais elementos estão relacionados à manutenção das necessidades vitais e por tanto, não podem ser eliminados pelo simples escoamento. Assim, o aparelho neurológico encontra uma forma de utilizar favoravelmente esses estímulos, armazenando-o parte deles e provocando alterações que atendam às demandas do organismo. Entra em questão o princípio da constância, onde o exercício de escoamento total dos estímulos dá lugar à eliminação do excesso, mantendo o nível de estímulos constante, a constância está justamente em recarregar o sistema. Nessa função, o princípio do prazer passa a atuar a fim de eliminar o excesso de estímulos, impedindo que quaisquer novos estímulos possam danificar o sistema e conservando uma pequena porção desses estímulos, para manter seu nível constante. Nesse sentido Freud aponta para uma característica do tecido nervoso, ou de pelo menos uma parte dele, relativa ao escoamento e conservação da tensão, que é a possibilidade de interferência em um processo único com resultados permanentes, ou seja, o sistema nervoso consegue conservar a alteração que sofre após a submissão aos estímulos. Freud admitiu a existência de dois tipos de neurônios no sistema nervoso, o phi, responsável pela percepção, e o psi, responsável pela memória. Eles emergem em função da intensidade de cargas a que são submetidos os neurônios, na sequência de transformações que causam efeitos diferenciados em cada momento de seu percurso no tecido neuronal. O autor destaca, então, essa diferença funcional entre as classes de neurônios, que permitem aos mesmos desempenharem as funções perceptivas e recordativas. A natureza dessa variação entre as funções está relacionada à quantidade de estimulação a qual os neurônios estão submetidos. Por essa mesma movimentação e arquitetura do sistema é que as barreiras de contato podem controlar a intensidade e quantidade de cargas recebidas e permitir o escoamento dos estímulos pelas células perceptivas ou promover a conservação da memória pelas células recordativas. É exatamente a capacidade de alteração duradoura do sistema após cada excitação que possibilita a realização de um registro ou memória pelo sistema nervoso. Com essa concepção, Freud deu suporte material às teorizações de Condillac, que também relacionou as sensações ao pensamento e à memória (BOCCA, 2010). Indo além do ponto de vista quantitativo, Freud buscou também responder a questão qualitativa sobre as motivações e causas das ações, escolhas e impulsos do homem. Além do que, como o pensador Locke mostra, sem esse fator qualitativo, “permitiríamos que nossos pensamentos se movimentassem desgovernados sem nenhuma direção ou desígnio (BOCCA, 2010, p. 45, apud LOCKE, 1978, p.173).
A filiação de Freud ao estatuto das ciências naturais, explicando o funcionamento operacional do sistema nervoso com relação à recepção de estímulos, percepção, função de escoamento, função de constância e memória, deu suporte às concepções de Condillac sobre o funcionamento de aparelho mental. Para tanto, Freud articulou argumentos quantitativos e qualitativos para explicar os processos e funções. É a partir desse enforque quantitativo com que tratou o tema, que conferiu ao princípio do prazer um estatuto particular na teoria das paixões.



3. O ENFOQUE QUALITATIVO DO PSIQUISMO

Para explicar o enfoque qualitativo do sistema nervoso Freud recorreu à consciência. No entanto, é difícil situar a consciência em um sistema composto por neurônios e quantidades, mas procurou-se analisar também a sua origem. Para tanto, Freud admitiu a existência de outro conjunto de neurônios, chamado Ômega. Assim, as diferentes qualidades correspondem aos níveis de excitação a que esse sistema é submetido, postulando a existência de sensações conscientes. Isso produziria a expectativa de que o sistema tivesse dispositivos para transformar quantidades externas de estímulos em sensações qualitativas. Operando sobre estímulos que não foram barrados anteriormente pelo sistema anterior, torna oportuna a primeira função geral do sistema, que é estar em repouso, promovendo o escoamento de quantidades excessivas de estímulos, mas também lhes conferindo qualidades. Ao tornar esses estímulos conscientes, o sistema Ômega gera motivos para as ações e pensamentos do ser humano, ao produzir sensações de prazer e desprazer. Tais sensações referem-se à intensidade e intermitência da ocupação do sistema pelos estímulos, sendo o sistema Ômega diretamente afetado pelos períodos de excitação, dando a possibilidade de qualificar os estímulos, operação feita pela consciência. Os processos excitatórios nos neurônios Ômega trazem consigo consciência em relação aos conteúdos dos estímulos.
De acordo com Freud, toda excitação sensorial produz desprazer e na mesma proporção do aumento da quantidade de estímulos, tende a produzir sensação de dor. No entanto, nem todo desprazer é dor, visto que o mesmo é resultante de toda e qualquer forma de excitação. Podemos ressaltar aqui, a filiação de Freud a Condillac quanto a admitir a função primária do desprazer no psiquismo.

No entanto, a perspectiva sustentada por Freud nessa época, de que toda estimulação provoca desprazer e por isso suscita sua descarga ou extinção, apresenta um inequívoco diferencial em relação à de Condillac. E nisso reside sua contribuição original relativamente ao enfoque das paixões na constituição mental. Enquanto Condillac definiu como certo que as estimulações sensoriais seriam em si mesmas agradáveis ou desagradáveis, Freud atribuiu à estimulação sensorial ser em si mesma desprazerosa, isso relativamente a um sistema nervoso que ‘deseja’ o repouso (BOCCA, 2010, p. 50).

Nesse ínterim, percebemos que Freud apoiou suas teorias das paixões nas intuições de Condillac, dando um suporte material para elas, por sua inclinação à perspectiva científico-naturalista. Mas a originalidade de seus estudos está não apenas em considerar quantitativamente as operações nervosas e articulá-las com a qualidade dos estímulos e sensações, mas em considerar como desprazerosos todo e quaisquer estímulos a que são submetidos os neurônios. Essa negatividade com que trata os estímulos difere bastante das concepções de outros pensadores sobre o tema das paixões.



3. CONCLUSÃO

A investigação de Freud sobre a origem das sensações no aparelho psíquico, explica o princípio do prazer por um viés quantitativo, devido a sua filiação ao mecanicismo, mas particularmente, traz uma concepção totalmente negativa do prazer, na qual propõe que todos os estímulos produzem necessariamente uma sensação desprazerosa para o organismo psíquico. Fez, com isso, enfatizar ainda mais o papel do desprazer, com seu estatuto particular, na construção sensorial do psiquismo. Freud ampliou os horizontes dos estudos acerca da natureza humana, e expandiu os limites do campo teórico composto por Condillac e outros filósofos e pensadores movidos pelo espírito materialista francês ou pelo empirismo inglês.
Além de articular quantidades e qualidades na relação entre assimilação, escoamento e constância de estímulos nos neurônios e sensações provocadas, sejam elas conscientes ou inconscientes, Freud, ainda problematizou a questão da consciência, que geralmente não encontra lugar numa pesquisa de perspectiva científico-naturalista que trataria apenas das quantidades e neurônios.
Ao explicar as funções neuronais que operam o princípio do prazer, Freud demonstrou a importante característica do sistema nervoso de ser transformado por uma operação única. Além disso, o aparelho psíquico também pode operar os processos de assimilação, escoamento e manutenção da constância. São essas capacidades que permitem que sejam assimiladas as sensações e retidas na memória. E pelo sistema Ômega é que é possível transformar quantidades de estímulos em qualidades.
Nesse ínterim Freud pode explicar como ocorrem os processos psíquicos, de onde emergem nossas sensações, pensamentos e memórias. O que possibilita fazermos nossas escolhas, iniciarmos ações, sairmos do repouso. E possibilita ainda que tenhamos um aspecto material do estudo sobre a gênese da constituição sensorial do psiquismo.
Ainda mais importante é percebermos o estatuto particular que a noção de prazer recebeu nos estudos de Freud e que expande os limites teóricos da investigação sobre a vida passional. Afirmando que todos os estímulos são desprazerosos para o homem em sua natureza, Freud nos leva a crer que apenas na morte o homem poderia ver satisfeito seu projeto original, o que está implicado na constituição de sua mente. A principal meta dos neurônios seria manter-se em repouso, livre de estímulos, por isso o sistema nervoso tem de executar funções como o escoamento a agir sobre o princípio da constância, no entanto, embora as operações mentais oportunizem esse projeto, nós nunca conseguimos atingir de fato este objetivo, já que a vida, ou viver e estar no mundo, já implica a recepção de estímulos externos e internos. Por isso esses estímulos são sempre desprazerosos porque vão de encontro ao sistema nervoso e em sentido oposto ao seu projeto original. Assim, seria correto dizer que, nessa perspectiva, somente na morte dos neurônios é que eles podem repousar.


4. REFERÊNCIAS

BOCCA, Francisco Verardi. Paixões e Psicanálise: dimensões modernas da natureza humana – Vitória, UFES, Núcleo de Educação Aberta e a Distância, 2010.

terça-feira, 9 de novembro de 2010

Freud no Orkut?

De acordo com a psicologia social, em grupo os indivíduos perdem sua individualidade em nome da identificação com os outros membros do grupo e seus ideais, e para Freud em grupo os indivíduos regridem a uma condição primitiva da mente, pois passam a agir por instintos, dando vazão aos desejos até então reprimidos. O que dizer então de um grupo num ambiente virtual? Onde tudo parece possível... Uma investigação neste sentido se faz justificar para compreender como muitos dos conceitos originais do pensamento freudiano são atemporais e contribuem para o entendimento de questões atuais. Para tanto este trabalho propõem uma análise da psicologia de massas presente nas redes sociais como o “Orkut”.
Leia o artigo "Psicologia das massas nas redes sociais" na íntegra visitando o ENDEREÇO
Comente, complete, critique ...
Até!
Pollyanna

domingo, 31 de outubro de 2010

O insight da psicosofia pós-moderna



O MAL ESTAR NA ERA DO CONSUMO

Wendy Monteiro Ângelo**


RESUMO
Ao pensar o funcionamento da propaganda e sua influência sobre a sociedade pós-moderna ocidental sob a perspectiva freudiana, temos como ponto de partida o princípio do prazer, pelo qual percebemos um objetivo de satisfação de impulsos no ato do consumo, não só por sua promessa ilusória que se baseia nas variadas técnicas humanas de viver, mas também, pelo próprio processo de consumo configurar-se uma experiência prazerosa para o homem. Abordar o apelo publicitário e sua ordem de consumo sob o viés da teoria freudiana nos ajuda a entender o consumo como um processo gerador da condição de mal estar em algumas sociedades.
Palavras chave: Propaganda. Publicidade. Consumo. Freud.

Link: http://www.mimososulfilpsi.blogspot.com/

ABSTRACT
In thinking about the way advertising works and its influence on western post-modern society from the perspective of Freud as a starting point we have the pleasure principle, in which we perceive an objective of satisfying impulses in the act of consumption, not only for its promise illusion which is based on various techniques of human life, but also by the very process of consumption set up a pleasurable experience for humans. Addressing the advertising appeal of its order intake and the bias of the Freudian perspective helps understand consumption process as a generator of the condition of unease in some societies.
Keywords: Advertising. Consumption. Freud.


1. INTRODUÇÃO

Situando nossos estudos, inicialmente, nas sociedades pós-modernas ocidentais, especialmente, no que diz respeito às proveitosas e diversas experiências verificadas no cenário nacional brasileiro, podemos dizer que, embora Freud tenha trazido à luz importantes considerações sobre o período civilizatório em “O mal estar na civilização”, o desenvolvimento das sociedades trouxeram inúmeras mudanças que transformaram o funcionamento do aparato social, deslocando suas pressões para outros campos de controle. Durante esse processo evolutivo, até mesmo as grandes massas de pessoas deixaram de ser somente consideradas como tais, desintegrando-se e segmentando-se em diversos subgrupos de interesses distintos, ocupando os espaços definidos pelos sistemas econômicos correspondentes designados por segmentos de mercados (FREUD, 1999).
É dentro dessa sistemática atual que encontramos a questão principal deste estudo, de entender como a sociedade do consumo pode ser percebida como uma promessa ilusória e unamemente aceita pela sociedade ao preço do seu mal-estar individual e coletivo, e de amparar a essência dessa hipótese na perspectiva Freudiana da maturação individual.
Recentemente, tem sido muito discutido nas conversas informais, entre amigos, casais ou famílias, a incidência e semelhança de casos médicos envolvendo a saúde das crianças. É realmente preocupante, o índice de casos de doenças infantis como o refluxo gastroesofágico, inflamações e gastrites estomacais, obesidade infantil ou, anemia infantil, além de inúmeros sintomas similares diagnosticados constantemente. Frequentemente, os médicos relacionam a maior parte desses problemas aos estilos de vida das famílias e a má alimentação. Problema maior ainda é o fato de não existirem políticas definidas para tratar dessas questões especificas. Amparando-se num problema maior, mas sem deixar de relacionar a questão da propaganda ao caso específico das crianças, a teoria da comunicação, num trabalho de crítica ao aparato midiático, efetua uma conexão do atual modelo de vivência do homem com a grande influência das mídias, principalmente com a mídia televisiva (KELLNER, 2001). No caso das crianças, o problema acentua ainda mais a influencia da qual trata, tornando sempre necessário e nunca acabado, o exercício de pensar a mídia sob vários aspectos.
Nesse sentido, trataremos de considerar a ação das propagandas a que as crianças estão sujeitas desde muito novas. O mercado considera o público infantil um dos mais lucrativos, uma vez que as crianças matem boa parte do poder decisivo de compra dentro das famílias, principalmente tratando de compras por impulso. Proliferam cada vez mais estratégias visando “atingir” esse público-alvo e obter dele uma reposta positiva. A aceitação de que depende o sucesso dessas campanhas é obtida por meio do encantamento e da identificação da criança com o anuncio do produto. É imensa a lista de objetos e comportamentos que essas campanhas ajudam a introduzir na comunidade infantil. As crianças, que muitas vezes passam a maior parte do seu tempo na companhia da mídia televisa, um dos espaços de veiculação desses anúncios, são inexperientes e facilmente sugestionáveis, são amplamente suscetíveis às investidas publicitárias, que visam aumentar o consumo dos bens destinados ao segmento infanto-juvenil. Esse investimento mercadológico tem acarretado sérios prejuízos ao desenvolvimento individual e social das crianças, iludindo-os e tornando-os cada vez mais imaturos.
É na teoria freudiana do princípio do prazer que poderemos encontrar as primeiras aproximações da psicanálise com o tema. Freud inicia por explicá-la seguindo a lógica de um propósito verificável nas ações humanas. Nesse ponto pretendemos explicar como a propaganda se utiliza de projetos da vida humana para congelá-los em imagens midiáticas formando uma espécie de quadro alucinatório, com a aparência do real. Funcionando como uma promessa ilusória, a propaganda estimula o consumo, causando desde muito cedo, fato verificável na própria infância um novo mal estar, o da era do consumo. Sem poder dar conta de todo o tema, este pretende ser apenas um impulso inicial, para comerçarmos a pensar que se a mídia, organizada pela função publicitária de regras mercadológicas, influencia toda uma sociedade, o faz mais ainda com toda uma geração de crianças e jovens que já nascem e crescem na sociedade do consumo. Não podendo abordar todos os problemas que essas influências podem causar no desenvolvimento infantil e, consequentemente, no processo de maturação individual do homem, iremos apenas tratar aqui da questão da influência da propaganda sobre o ato do consumo, sob o viés da teoria freudiana.


2. A PROPAGANDA, O CONSUMO E O PRINCÍPIO DO PRAZER

Segundo Freud, o objetivo maior do homem é sempre alcançar a felicidade, o que na realidade, consiste na experiência de intensos sentimentos de prazer, mas que também é aceito como ausência de desprazer ou de sofrimento. Sendo o princípio do prazer, estar em uma ou outra dessas situações, percebemos que é também o mesmo princípio que tem guiado a experiência de consumo de grande parte dos indivíduos das sociedades ocidentais, não sendo este seu único motivo, nem sua última explicação. A questão, é que tendo se acostumado com as adversidades da vida que impedem a todos de manterem a felicidade plena, as satisfações substitutivas vem sendo confundidas com o prazer, tornando-se o ideal de felicidade de muitos e até mesmo um fim em si mesmo.
De acordo com o autor, as satisfações substitutivas funcionam como medidas paliativas para suporte da vida, ações ou experiências que diminuem o desprazer, tal como as oferecidas pela arte. São ilusões que contrastam com a realidade, agindo psiquicamente de forma positiva, acentuando o papel que a fantasia assumiu na vida mental do homem. É possível questionarmos aqui, até que ponto as propagandas são criações ilusórias ou acompanham e refletem a realidade cotidiana. Mas sabendo que de fato, é uma construção que precisa recorrer aos objetos da realidade para aproximar-se da mesma transformando-a no seu próprio real, a pergunta mais pertinente seria: De que maneira a propaganda é bem sucedida em seu trabalho de afastar o homem da sua própria realidade oferecendo-lhe uma substituta?
Novamente recorremos ao princípio do prazer em Freud para tentar explicar, de forma um tanto restrita, visto a amplitude do tema, a eficácia das investidas publicitárias no comportamento da sociedade do consumo. A própria proposta da propaganda é baseada nesse princípio, oferecendo o quanto pode, toda e qualquer experiência que possa promover ou aumentar a sensação de prazer do homem, condicionando-a ao uso e consumo de determinado produto. Na verdade, pouco importa a utilidade do produto em si, é precisamente a experiência de seu uso ou de sua posse, passível de causar sentimentos de poder ou virilidade no sujeito, que o torna tão visado e almejado. Não nos ocorre aqui explicar que tipos de artifícios a propaganda usa para atingir esses níveis de visibilidade de um produto ou marca, até porque, são tantos que não poderíamos abordá-los todos de forma satisfatória. O que nos interessa na perspectiva freudiana, de fato, é entender como a propaganda, massificada pelas grandes mídias, atua sobre o funcionamento do aparelho psíquico, de forma a transformar os ideais e comportamentos que fazem, hoje, o sonho e a realidade da sociedade do consumo.
Num primeiro momento, a propaganda atua sobre a percepção individual promovendo a identificação do sujeito com a idéia proposta, ao mesmo tempo, ela busca persuadi-lo apresentando-lhe uma sequência de idéias que apontam um novo rumo para situações já conhecidas. Num segundo momento, a propaganda consegue com seus artifícios de imagem, emissões sonoras e textos, fazer o sujeito colocar-se no lugar que ela própria idealiza para ele, apresentando-lhe uma nova experiência que ela mesma designa como a mais prazerosa de todas, a qual, o sujeito aceita e acolhe como um desejo e um fim em si mesmo o seu processo de consumo. O pensamento de Freud (1999, p.11) sobre o princípio do prazer, expresso na frase “não há possibilidade alguma de ele ser executado”, nos mostra que a proposta da propaganda, por seus próprios méritos, configura-se como uma mera ilusão, mas apreendida de forma pouco semelhante pela sociedade em geral. É como quando Freud diz que encarando a religião como um delírio de massa, não pode dizer que aceitariam facilmente que se abrissem seus olhos para o fato, já que os delirantes não podem reconhecer sua própria ilusão. Da mesma maneira, as pessoas sabem que a propaganda não passa de uma edição de fins mercadológicos, e apesar disso, rendem-se aos seus apelos sem poder reconhecer estarem por ela embasadas, pelo simples fato de identificarem nela seus principais anseios, o objetivo maior de que falamos antes, reduzido pelas adversidades da vida a satisfação temporária de impulso que se converte em prazer.
Segundo Freud (1999, p. 12), “só podemos derivar prazer de um intenso contraste”. Trazendo a citação para esse contexto, podemos dizer que o contraste da experiência de consumo incentivada pela propaganda está entre o ter e o não ter, o que envolve conseqüentemente relações de poder, muitas vezes citadas nas obras de Freud. A propaganda se utiliza da exploração desse contraste para criar a necessidade de consumo no homem. É como se ela dissesse: Se você não consome você continua na mesma, não pode ser feliz, nada pode resultar disso, porque você sabe que não consegue ser feliz sozinho, mas, se você consumir este produto, você será feliz, porque ele te dará novas possibilidades que sem ele você não teria. Ao mesmo tempo em que é uma ilusão, ela é uma promessa, que nunca permite darem conta de sua ineficácia já que logo após a oferta de um produto, já oferece outro, com muito mais possibilidades que o anterior.
Como Freud aponta, a infelicidade é uma experiência muito mais acessível do que a felicidade, por isso é aceitável para a sociedade que a propaganda se coloque também nesse patamar, não como algo impossível, mas como algo pelo que se tem que pagar. O ato de consumo dá prazer por que não é pra qualquer um, quando se torna muito comum e já não existe a “magia” da propaganda mostrando as mesmas vantagens do ato sob diferentes ângulos, ele se torna insignificante, e não mais que uma obrigação cotidiana. Quanto mais valioso for o item no nível ideológico, mais se deve pagar por ele. Dois carros novos, por exemplo, podem servir para basicamente as mesmas funções, conterem os mesmos equipamentos, ter praticamente a mesma qualidade e, ainda assim, um ser muito mais valioso que o outro, não só por seu custo mais alto, mas, também, por projetar maior status a quem o possui. Assim funciona com todas as marcas, que para disputar um lugar no mercado a marca precisa divulgar sempre atributos novos, precisa criar uma imagem única na mente das pessoas, fugir do comum, ter algo especial, e conseguido isso, seu sucesso como objeto de desejo é certo.
Freud (1999, p.12) fala das três fontes primárias de sofrimento do homem: o corpo humano físico, o mundo externo e o relacionamento com outros homens. Sobre este último, ele diz que é “provavelmente, o mais penoso para nós, uma espécie de acréscimo gratuito; não menos inevitável que os outros tipos de sofrimento”. Ele ainda explica que sob a pressão dessas muitas possibilidades de sofrimento, o homem acostumou-se a evitá-las, em detrimento de obter prazer. Isso quer dizer, portanto, que ao evitar o sofrimento, o homem também evita o que o leva ao sofrimento, e nesse esforço, deixa de lado suas possibilidades de obter felicidade. O homem passa a esquivar-se dos relacionamentos e de forma consciente ou não, pode até tentar destruí-los, procurando-se tornar-se menos vulnerável a essa fonte de sentimento que se mostra uma das mais dolorosas em muitos casos, e tornando-se ao mesmo tempo a própria causa de sua infelicidade nos relacionamentos com os outros.
O incentivo ao consumo das novas tecnologias, que promete aproximar as pessoas e encurtar as distâncias, acaba, de forma contrária, por reforçar a individualidade do homem, o que olhando pelo aspecto negativo, tem ajuda a afastar os homens e corromper relacionamentos, transformando as amizades e afetos reais em relacionamentos virtualizados. Segundo alguns pesquisadores, como Muniz Sodré (2002), é possível que esse tipo de contato reduza o sentimento de segurança e aumente a superficialidade dos relacionamentos, por sua impessoalidade e sua concepção fragmentada e pela possibilidade de estar conectado ao mundo todo por um simples aparato tecnológico.
De acordo com Freud, a satisfação do instinto gera felicidade e a não satisfação das necessidades gera sofrimento. A fim de se libertar de uma parte das possibilidades de sofrimento, o homem tenta controlar sua vida instintiva mesmo que inconscientemente. Os agentes controladores são os agentes psíquicos superiores que definem os padrões da realidade individual. Assim, os instintos desinibidos que fazem parte de nossa constituição psíquica, são transformados em instintos sob dependência pelo próprio mecanismo psíquico de vigilância, com o objetivo de proteger o ego contra o sofrimento. O resultado desse processo é a diminuição do potencial de satisfação do homem.
Freud fala também de outro método pelo qual o homem pode guiar sua vida e sentir-se mais próximo da felicidade do que do sofrimento. É o caso do artista, que encontra equilíbrio no trabalho psíquico e intelectual de intensificação do prazer. Embora não seja aplicável à maioria das pessoas, pois depende de um dom nato, a idealização dessa experiência também é algo que possa ser adquirido na sociedade do consumo, é dada para a obra do artista um valor diferente do que é para ele o seu próprio fazer, a contemplação pode existir, mas pode também ser supervalorizada como experiência, incentivando as pessoas a tomarem para si a possibilidade de contentar-se com esse nível de cultura, transformando-as em pessoas que querem sentir-se felizes apenas por possuírem a obra de um artista. É a ilusão formada pela imagem e status de um autor ou obra que produz a banalização da contemplação.
O outro caso de que Freud fala é a tentativa de felicidade que se dá pelo remodelamento delirante da realidade, onde considerável número de pessoas deixa-se levar pelo que o autor chama de delírio de massa, dando o exemplo da religião. Segundo seus estudos, “todo aquele que partilha um delírio jamais o reconhece como tal”. Relaciona-se ao caso já citado anteriormente da publicidade, que não chega ou pretende ser uma weltaunschaung ou visão de mundo que explica todos os fatos, mas que pretende, tanto pela influência de massa, quanto pela persuasão dos sujeitos, orientar o comportamento dos indivíduos pela lógica do consumo.
A técnica de viver mais interessante para Freud é aquela que faz do amor o centro de tudo, que busca toda satisfação em receber e dar amor. Mas também é extremamente arriscada, porque, segundo Freud, nunca nos sentimos tão desamparados, infelizes e indefesos quanto quando amamos, e principalmente, quando perdemos nosso objeto amado ou seu amor.
Mesmo em tão singelo método, podemos encontrar aproximações com o comportamento da sociedade guiada pelo consumo. Falamos do método de viver segundo o propósito de consumir cada vez mais. Com certeza ninguém reconhece tal propósito como fim em si mesmo, existem sempre as explicações para os desejos, existem sempre as “necessidades” a serem satisfeitas, e poucos admitem consumir por consumir. É sempre em vista de um bem maior, mesmo que este seja a própria posse do bem de consumo. Quando Freud (1999, p.17) diz que o método de viver pelo amor não volta as costas ao mundo externo, mas prende-se a objetos desse mundo e “obtém felicidade de um relacionamento emocional com eles”, ele não está falando de objetos de consumo, obviamente, mas trazendo o funcionamento desse método para este contexto, podemos dizer que as pessoas não mantém uma relação puramente material com os produtos que consomem, mas também valorizam sua relação emocional com eles e com as idéias que consomem. É exatamente a sensação que o consumo lhes proporciona que os move no sentido de consumir mais, é a emoção do “vamos às compras?” lhes causa satisfação momentânea, o que lhes parece bem próximo de algo que talvez nunca tenham experimentado, de fato, o sentimento de felicidade. É a experimentação do prazer que o ato de consumo configura com maestria. Não se esquiva nem um pouco de relacionar-se a esse prazer libidinal do qual Freud fala em seus estudos. Ao contrário, explora muitos de seus aspectos com estímulos em imagens, sons e palavras.
Ainda sobre o método de viver baseado no amor, Freud (1999, p.17) diz que tampouco se contenta em visar a uma fuga do desprazer, uma meta de cansada resignação, mas passa por ele sem lhe dar atenção. O indivíduo que assim vive, não se concentra em outras coisas que não o amor. A pessoa que coloca suas expectativas de felicidade a níveis de consumo vive de forma semelhante mudando apenas o objeto de sua atenção, o qual, não é o amor, mas sim um objeto variável, um objeto de desejo movido pelas investidas publicitárias e pela mídia. Nem mesmo o exagero, as dívidas ou o senso do ridículo preocupa um consumista. Ele continua iludido pelas promessas publicitárias que pregam a concessão e a adesão ao consumo, independente de suas consequências. Alguns poderiam dizer, aqui, que essas conseqüências são muitas vezes advertidas nas próprias propagandas e que é a pessoa que tem a decisão de compra que é responsável pelos problemas causados por seu consumo. Se assim fosse, não seria necessário continuar fazendo campanhas publicitárias direcionadas para crianças, como já citado anteriormente, as quais não possuem a decisão de compra, são altamente prejudicadas pela influência incisiva da mídia em seu desenvolvimento psíquico e alvo constante de uma persuasão irresponsável que supõe até mesmo que uma criança é melhor que a outra por possuir determinado produto. O consumista compulsivo não consegue facilmente deixar lado sua obsessão, por mais que o prejudique, pois como ocorre com o apaixonado, “se aferra ao esforço original e apaixonado em vista de uma consecução completa da felicidade” (FREUD, 1999, p.17).
O consumista sente que apenas no processo de consumo ele se sente realmente satisfeito, até descobrir um novo objeto para o seu desejo. E o processo nunca está acabado, essa, é parte de sua magia. Há sempre algo para completar o seu desejo inicial, e tudo acaba sendo motivo e necessidade de consumido. Se a mulher compra uma blusa, precisa de uma bolsa e então, de um sapato para combinar. Se os têm, precisa da maquiagem, ir ao salão arrumar unhas e cabelos para, então, mostrar aos outros suas aquisições. E é assim que se mantém o ciclo vicioso do consumo. Desde a infância os pais incitam a ilusão dessa experiência na vida das crianças. Sempre que a criança quer alguma coisa e o pai compra para agradá-la, ele está provando para ela que ela precisa daquilo para ficar feliz. No momento que a criança quer uma coisa e não ganha, parece que nada mais irá consolá-la, tamanha é sua decepção. Mas logo que se esquece o objeto desejado, o sentimento de tristeza passa e ela volta a ficar exatamente como estava antes de algo despertar sua vontade. Se nesses momentos os pais cedem à vontade da criança, ela dificilmente irá discernir sua vontade de sua necessidade. Para ela, a satisfação de sua vontade será absolutamente necessária, desejo será equivalente à necessidade, podendo criar sérios prejuízos para sua vida em uma fase mais adulta.
O apelo da propaganda para o consumo ainda pode vir acompanhado do objetivo de fruição da beleza, tendo colocado a função estética como um dos seus argumentos e fins práticos. Mas a beleza é totalmente subjetiva e buscada também na atitude do consumo – a beleza física, a beleza de um lar, a beleza nos objetos, etc. De acordo com Freud (1999, p.17) sobre a beleza, “A civilização não pode dispensá-la”.
O projeto de ser feliz, que o princípio do prazer supõe, não pode ser realizado. Mas, nem por isso, é preciso deixar de tentar, de qualquer forma que nos pareça razoável e possível. De acordo com Freud, é tarefa de todo homem, descobrir por sua própria conta de que modo específico ele pode ser salvo.
“É uma questão de quanta satisfação real ele pode esperar obter do mundo externo, de até onde é levado para tornar-se independente dele, e, finalmente, de quanta força sente à sua disposição para alterar o mundo, a fim de adaptá-lo a seus desejos” (FREUD, 1999, p.18).
O modo de vida guiado pelo consumo encontra explicação em todas as técnicas de busca da felicidade, aceita e é aceito por todas. A publicidade explora todas essas razões e idealiza todas essas tentativas com a promessa de tornar seu objetivo maior uma realidade. Todo mundo sabe que o consumo de qualquer coisa não conseguiria tal resultado sozinho, mesmo assim, não deixam de pensar que ele pode facilitá-lo ou mesmo compensar o fracasso desse objetivo maior.


3. CONCLUSÃO
Sobre as pressões da civilização com relação à sexualidade, na obra de Freud, temos que perduram muitos tabus, contribuindo para inibir os impulsos libidinais do homem. Essas restrições foram deslocadas do quadro central da sociedade, não encontrando espaço na programação espetaculosa da mídia. Com a recente demanda no mercado por produtos que atendam aos interesses de pessoas com estilos de vida e preferências alternativas, como os homosexuais e as tribos urbanas de jovens, entre outros, ampliou-se também a quantidade de anúncios publicitários voltados para tais públicos diferenciados e o cerceamento sobre a questão de opção sexual foi perdendo a sua força. A idéia de monogamia também foi descontinuada, embora não sendo explícita essa noção, existem fortes apelos publicitários para a busca de sedução de vários homens e de várias mulheres.
As pressões que cercavam a civilização influenciaram negativamente a vida sexual do homem, trazendo-lhe traumas, culpas e uma série de transtornos para sua vida social e psíquica. Apesar disso, mesmo a abertura da mídia para a questão da sexualidade, e o apelo publicitário para o desejo libidinal, não aumentou a independência do homem sob essas pressões, pois o mesmo vive agora pressionado pelos padrões estéticos estabelecidos pela mídia e pela propaganda que incisivamente relacionam a capacidade de atração sexual de uma pessoa com a posse de algum objeto ou a característica física proporcionada pelo uso de algum produto do mercado.
Ainda sobre as pressões da civilização, Freud explica a inibição dos instintos libidinais a partir do desenvolvimento do superego na mente humana, que influenciado por essas pressões externas funciona psiquicamente como um vigilante da ordem interno, que intensifica o trabalho da consciência ou sentimento de culpa.
Não é só porque a orientação para o consumo trouxe tantas liberdades à tona que o homem pode sentir-se de fato livre das pressões sociais. Principalmente, ele não consegue ver-se livre das pressões e coerções determinadas pela sua própria consciência. Coexistindo com os preceitos religiosos que continuam permeando as regras sociais, o ato do consumo configura-se na mente humana como ato proibido, sendo ainda, alvo da vigília do superego, o qual “atormenta” o ego pecador. Tanto podemos considerar tal questão quando nos deparamos com as famosas “desculpas” sobre o consumo. Quando a pessoa compra muito, logo diz “foi para aproveitar a promoção” ou quando a mãe cede à vontade de seu filho “ele estava mesmo precisando ganhar um brinquedinho, não tinha nada pra brincar” ou ainda, “o que vão pensar de mim se eu não estiver na moda e bem vestida?” No fundo, a pessoa pode sentir-se culpada por ceder aos seus impulsos e consumir mais do que precisa. Mas, o sucesso da propaganda está exatamente em convencer e encantar de tal forma que as outras coisas fiquem em segundo plano, e que só depois do ato da compra, a pessoa possa se dar conta de seu sentimento de culpa. As origens do sentimento de culpa não foram extintas. O mal estar continua acentuando a incapacidade do homem em atingir seu principal objetivo, a felicidade.
Quando Freud fala da origem da consciência e da extrema severidade com que funciona o sentimento de culpa nas pessoas mais dóceis, supõe que a renúncia instintiva cria a consciência, a qual, por sua vez, exige cada vez mais renúncias instintivas. Remetemos aqui, o consumo à infância. Nas pessoas onde atua com maior impacto o sentimento de culpa, mesmo sem negar seus desejos, elas sentem-se culpadas, desculpam-se por suas atitudes de consumo compulsivo, mesmo que isso não as prejudique de fato. Pode-se supor que durante sua infância essa pessoa foi submetida a repetidas situações de privação ou negação de seus impulsos. Talvez quando criança, essa pessoa tenha sido pobre e sua família não tinha condições ou meios de adquirir objetos dos quais necessitavam. Na fase adulta, é normal que essa pessoa, tendo poder aquisitivo suficiente para comprar o que desejar, queira satisfazer suas necessidades e até mesmo vontades de consumo. Apesar de não existir mais ninguém que possa regular ou reprimir essa pessoa em seu comportamento consumista, ela pode sentir-se extremamente culpada por tais atitudes, mesmo que a coerção por suas ações se manifeste de forma inconsciente.
Sendo assim, Freud lança muita luz sobre a questão da atuação da propaganda na sociedade do consumo, embora existam ainda tantas outras questões que ainda não foram abordadas. No entanto, podemos dizer que o consumo não funciona apenas como válvula de escape para as pressões do dia-a-dia, mas também, para muitas pessoas, como método de alcançar prazer e até mesmo algo que possam chamar de felicidade. A proposta aqui é que o mecanismo econômico que orienta o sistema de organização da vida social, toma forma e pode ter suas bases apreendidas a partir da análise das campanhas publicitárias, que visam promover um alto índice de consumo de determinado produto. Que elas atuam por meio da persuasão e do encantamento já é bem conhecido, mas o fato de que elas utilizam todos os artifícios relacionados a técnicas de alcance da felicidade e afastamento do sofrimento, configurando-se como uma promessa ilusória que não é reconhecida como tal, mas principalmente como algo que dispensa reflexões mais profundas ainda carece de análise. E ainda, a idéia aqui, é que assim como Freud propõe que se estude as estruturas e parâmetros normais de comportamento de uma sociedade a partir da análise do patológico, também é preciso estudar o comportamento compulsivo de uma parcela de consumidores para compreender as verdadeiras estruturas que regem uma sociedade de consumo.


4. REFERÊNCIAS

FREUD, Sigmund; O mal-estar na civilização, Frankfurt: Fischer, 1999.
KELLNER, Douglas. A cultura da mídia, São Paulo: EDUSC, 2001.
SODRÉ, Muniz; Antropológica do espelho, Rio de Janeiro: Vozes, 2002.

quinta-feira, 26 de agosto de 2010

Jacque Rancière , Paulo Freire e a EAD

Considerando aqui a postura adotada pelo professor instrutor e pelo professor emancipador seguimos com exemplo a colocação de Jacque Rancière onde este expõe a visão de Paulo Freire para a educação considerando que em nossos dias temos que ser muito mais emancipadores so que instrutores principalmente quando nos referimos a EAD.
Para Paulo Freire a educação assume um papel contestador quando podemos considerar que não somente em ambientes formais de educação ocorre o aprendizado, assim podemos entender que somos capazes de apreender independente de onde quer que estejamos, considerando ainda que a educação que emana do povo também é uma fonte educadora onde somos condicionados a aprender e obter informações que contribuíram para nosso aprendizado.
Outro posicionamento ainda consiste na crítica a uma educação conteudista onde devemos considerar que a simples transmissão de conhecimentos não pode e não deve ser algo simplesmente realizado para que acha o acúmulo de conteúdos os quais muitas das vezes são desnecessários ao cotidiano de nossos alunos.
Ainda analisando o que é tido como o terceiro pilar na visão de Paulo Freire, encontramos a citação de que a “Educação é um longo processo de conscientização”. Para Freire somos seres dotados de uma capacidade ímpar do ser humano: a de educar-se através do diálogo em meio às práticas sócioculturais e politicas, considerando ainda as experiências trazidas conosco por meio de nossas vivências cotidianas, onde cada um de nós somos possuidores de uma vasta gama de conhecimentos empíricos ou científicos os quais aplicamos com bom senso em inúmeras situações.
Assim considerando que “ ninguém educa ninguém”, e acreditando que a educação consiste em um processo ora complexo ,ora simplificado onde em muitas das ocasiões o que vale é o que se
se aprende seja por indução , seja sozinho, seja por meios tradicionais modernos na Educação principalmente a EAD na qual agora estamos inseridos busca na verdade proporcionar uma melhor difusão e uma melhor adequação de nossas realidades quando possibilitamos um maior divulgação do conhecimento aqueles que ora eram excluídos ou que se limitavam aos métodos tradicionais de educação não permitindo a troca de informações ou até mesmo uma afirmação a exclusão de muitos tantos quando forem capazes de socializar conhecimentos adquiridos a longo de nossa educação desvencilhando dos modelos tradicionais onde temos em nossa frente o visão de um professor totalmente engajado na transmissão do saber compartilhado para abertura de um mundo educacional onde o aluno poder e deve abusar de todas as formas de aprendizado.

A POSTURA DOS SOFISTAS

A postura dos primeiros professores da filosofia ocidental era apenas de transmitir informações e opiniões. Os mestres sofistas usavam da retórica para aliciar a platéia e assim manter seu status de mestre, pois era através deste que conseguiam jovens que almejassem a carreira política e pagassem por suas “aulas”. Desprezados pela elite intelectual ateniense, pois muitos sofistas eram metecos (estrangeiros) e não possuíam os direitos de cidadania grega, esses filósofos contribuíram na medida em que foram os primeiros a colocar os problemas do homem no centro da reflexão filosófica.
Então mesmo que o método dos sofistas seja questionado e até criticado tanto no passado quanto hoje, não podemos negar que muitas instituições, inclusive as escolas, utilizam essa forma de transmissão do saber e com muita "propriedade", pois as igrejas evangélicas são as que mais crescem no país, graças a retórica de seus pastores, grande parte de nossos políticos (a maioria corrupta!) tem cadeira garantida nas câmaras, graças a sua capacidade de conseguir adesão e consenso, através da oratória.
Neste sentido a metodologia em EAD se coloca como um ensino inovador e emancipador pois difere totalmente da postura dos mestres sofistas em vários aspectos. Por exemplo, os sofistas gostavam de atuar para grandes platéias e buscavam através da retórica conseguir a atençâo, a adesâo e o consenso dos ouvintes. Já a metodologia em EAD, busca através de pequenos grupos construir um conhecimento que não seja meramente informativo e homogêneo.Em se tratando de ensino a distância, a figura do mestre é pouco destacada, na verdade nem existe um. quem faz as vezes de orientadores dos alunos pela busca do conhecimento são os tutores, os materias disponíveis pelos profissionais especializados em determinado assunto e a própria tecnologia.
Ao longo da História da educação conhecemos várias posturas de mestria, percebemos que a educação é fruto de seu tempo, se antes a instrução era tida como conhecimento e até mesmo status, hoje não podemos medir o conhecimento de alguém pela “bagagem” que ele carrega e/ou tenta transferi-la a outrem. Em tempos de globalização, de avanços tecnológicos, de universalização do ensino, os paradigmas educacionais devem ser revistos e transformados para que os mestres passem de meros instrutores de alunos, de simples transmissores de informações, para orientadores de conhecimento.Conhecimento este que, levará os alunos à autonomia intelectual e a emancipação enquanto cidadão.
A PROPOSTA LACANIANA DOS CARTÉIS

Para Sócrates a postura do mestre no processo de despertar para o conhecimento envolve o saber e a verdade. Lacan apresenta uma crítica a esta postura ao mostrar que o conhecimento adormecido ou esquecido não cobre todo o campo da experiência humana, colocando, então, o lugar do sujeito na questão. Para Lacan, a emergência do mundo simbólico no processo de desenvolvimento do saber não significa que o sujeito já nasce com o conhecimento, mas que esse conhecimento também é constituído por intermédio da função simbólica. Colocando essa questão, Lacan também coloca a questão do inconsciente, que impõe a valorização do sujeito no processo de aprendizagem. Lacan questiona a forma de mestria de Sócrates, quando analisa o diálogo de Mênon, o escravo a quem Sócrates deu elementos para o raciocínio, porque acredita na mestria do inconsciente. Portanto, Lacan propõe que seja por esta via do inconsciente a base do funcionamento da escola lacaniana: o cartel.

Com a finalidade de estudar e produzir conhecimentos sobre a psicanálise, Lacan cria a prosta dos cartéis que consistem em pequenos grupos de estudo formados por entre três e quatro pessoas, cinco no máximo e MAIS-UMA. Todos os membros desse grupo fazem seus próprios estudos de forma a obter produtos individuais de suas pesquisas e utilizam os momentos em grupos para discutir e expor seus avanços no tema desenvolvido pelo grupo. A figura do Mais-um é muito importante nesse processo, sendo que ele não atua como um professor, ensinando e transmitindo seus conhecimentos para o grupo, ao contrário, ele aprende junto com o grupo, mantendo a organização do grupo, motivando-o e acompanhando o processo que é desenvolvido por cada aprendiz pertencente ao grupo.

Com essa proposta, o cartél se aproxima muito da metodologia EAD, visto que não é a presença do líder, o tipo de mestria que é importante, mas sim o produto do grupo de estudos e dos sujeitos.
O questionamento da postura do mestre fundamenta a metodologia EAD na medida em que põe em cheque a real necessidade da figura do mestre para que o outro aprenda. A partir da existência dos cartéis, propostos por Lacan compreende-se que o aprendizado é possível mesmo sem a presença de um mestre, com o papel de ensinar e apresentar ao aluno o conhecimento. Essa proposta se aproxima da metodologia EAD no sentido de que adimite que não existe o saber acabado, e que o aluno é capaz de aprender sem um professor, no trabalho de busca pelo conhecimento. E que, neste trabalho, ele não está sozinho, tem o apoio de um tutor que, na EAD, pode ser comparado ao Mais-um do cartel. O qual, não vai transmitir seu saber ao aluno, mas sim, aprender junto, incentivar e influenciar para que o aprendiz obtenha seu próprio produto.

Mestria de Sócrates no processo de Ensino/aprendizagem na atualidade!!

Sócrates foi um sábio na antiguidade que contribui para o entendimento do ensino aprendizagem nos dias atuais. O mesmo defendia o diálogo como método educacional, mantendo sempre um contato direto com seus interlocutores, estes sempre em pequenos grupos, no qual Sócrates comparava sua posição de mestre como as das parteiras, onde o mesmo dizia nada saber para levar o interlocutor a apresentar suas opiniões, em seguida fazi-o perceber suas próprias contradições ou ignorâncias para que procedesse a uma depuração intelectual, surgindo assim o chamado “Parto das idéias, que era o momento de reconstrução do conceito, em que o próprio interlocutor ia “polindo” as noções até chegar ao conceito verdadeiro por aproximações sucessivas. Este método utilizado por Sócrates era conhecido como a maiêutica. De acordo com o pensamento de Sócrates, o saber, totalmente atrelado a verdade, não é algo que realmente se adquire, mas sim aquilo que está adormecido e precisa ser rebuscado dentro de cada um. Nesse sentido, o saber não é algo que se pode adquirir mas que se pode despertar. Assim a postura de mestria de Sócrates contribui para a metodologia de ensino à Distância, em virtude de o professor atual não se impor como detentor de saber, de um saber que deve ser transmitido e aceito pelo aluno como verdade, mas, se posiciona como um orientador que por meio de questionamentos, provoca no aluno a busca pelo conhecimento, não ensina uma verdade pronta, ele direciona o olhar do aluno para que este encontre o seu próprio saber. O professor ao planejar suas aulas deve buscar a necessidade de ajudar seus alunos a desenvolverem procedimentos para que possam pensar por si mesmos, admitindo a reciprocidade ao exercer sua função, permitindo que os alunos contestem seus argumentos da mesma forma que contesta os argumentos dos alunos, promovendo a troca de idéias que proporciona a liberdade de pensamento e expressão.

domingo, 1 de agosto de 2010

O ÓCIO CRIATIVO

O ócio criativo é o título do livro do sociólogo italiano Domenico De Masi, nesta obra ele expõe um conceito revolucionário de trabalho. De acordo com o autor...

"O ócio criativo é uma arte que se aprende e se aperfeiçoa com o tempo e com o exercício. É necessário aprender que o trabalho não é tudo na vida e que existem outros grandes valores: o estudo para produzir saber; a diversão para produzir alegria; o sexo para produzir prazer; a família para produzir solidariedade, etc”.

Nesse sentido Domenico propõem uma intersecção entre três elementos: trabalho, estudo e lazer. Quando o indivíduo consegue unir estes três pontos, ele está praticando o ócio criativo, que é uma experiência única e que proporciona uma melhor adaptação para as necessidades da sociedade pós-industrial, respeitando a individualidade do sujeito e proporcionando mais alegria e produtividade ao próprio trabalho.

Nosso blog não é uma experiência dessa meninas? A união de estudo, trabalho e diversão!
Estamos de volta...
Bons estudos e até mais!

Pollyanna Paiva Santos da Rocha

PARA SABER MAIS:
Masi, Domenico de - O Ócio Criativo - Rio de Janeiro - Sextante - 2000 - 328 páginas
Entrevista com Domenico: aqui

terça-feira, 6 de julho de 2010

Quando falamos em professores, em sala de aula , logo pensamos em uma metodologias em trocas de experiências em bate papo. Tendo em vista esses comentários encontramos no site " Portal do Professor" um local privilegiado onde professores são capazes de encontrar aulas já elaboradas, sugestões de dinâmicas e ainda pode compartilhar com outros professores a elaboração de aulas, jornal do professor, recursos multimídias, informações sobre links interessantes, Plataforma Freire e ainda uma série de informações inerentes ao cotidiano escolar que buscam favorecer o trabalho doscente dentro de sala.
Para aqueles professores que buscam fazer de seu dia-a dia em sala um momento onde os alunos sejam capazse de se sentirem motivados na busca de conhecimentos e que ainda buscam recursos para inovarem suas aulas fica aqui esta sugestão. Vale a pena conferir.


http://portaldoprofessor.mec.gov.br/index.html

sábado, 3 de julho de 2010

"Uma biblioteca digital é onde o passado encontra o presente e cria o futuro." A. Kalam

O "Portal Domínio Público" é uma biblioteca digital, desenvolvida em software livre, ativa desde 2004 e conta com um acervo de mais de 36 mil obras literárias, artísticas e científicas em diferentes tipos de mídias, já em domínio público ou que tenham as suas divulgações devidamente autorizadas, que constituem o patrimônio cultural brasileiro e universal.
O objetivo central deste portal está em contribuir para o desenvolvimento da educação e da cultura, assim como, aprimorar a construção da consciência social, da cidadania e da democracia no Brasil. Para tanto os objetivos específicos estão na divulgação e no acesso de todo este acervo bibliográfico além de incentivar o aprendizado, a inovação e a cooperação entre os geradores de conteúdo e seus usuários.
Não podia ter forma mais clara de explorar este portal do que vários instrumentos de busca, além da pesquisa básica, existem mais três formas de pesquisar o acervo do portal, através da pesquisa por conteúdo, por teses, ou pelo nome dos autores. Antes de “baixar” o conteúdo pesquisado o portal traz as especificações da obra para que o usuário confirme o que realmente procura além de dar os devidos créditos a seus autores, que é uma outra preocupação do portal, induzir uma ampla discussão sobre as legislações relacionadas aos direitos autorais.
Rumores circularam na Internet e pela mídia impressa acerca do fim do Portal Domínio Público, mas segundo o coordenador do programa, Marco Antonio Rodrigues, "o fato é que o portal é um programa de grande sucesso e baixo custo, não estando em questão a sua desativação". Esta declaração desmentindo os falsos rumores já circula na mídia desde 2007, mas ainda não parou de ser divulgada a ideia de desativação do portal, este ano mesmo recebi um e-mail com este conteúdo. Fofocas à parte, o Portal Domínio Público é um excelente instrumento de divulgação de informações e de produção de conhecimento e para ter acesso a este acervo gratuito e fantástico é só entrar no endereço: http://www.dominiopublico.gov.br/e boa viagem!

Pollyanna Paiva Santos da Rocha

quinta-feira, 1 de julho de 2010

BOM LIVRO: Novo Aeon: Raul Seixas no torvelinho de seu tempo (Autor: Vitor Cei)

LeiA isso: http://whiplash.net/materias/especial/110544-raulseixas.html
Vale a pena!
é bem legal!

WENDY M. A.

Laços FORTES


Na sociedade contemporânea é bem comum nos depararmos com alguém que mantêm, pretende manter ou já manteve algum relacionamento virtual. Inclusive - e principalmente para muitos - relacionamentos amorosos. As comunidades virtuais e redes de relacionamento como msn, orkut e twitter vem transformando o cotidiano das pessoas prinicpalmente nas formas de se relacionarem. O contato físico passa para o contato virtual. A sua vida passa por um quase "big brother" individual onde ao invés de câmeras, temos o computador, o qual tem sua própria câmera e instrumentos de vigília. Essa abertura do "livro da vida" para o "mundo todo" é opcional, além de individual e, também, condição indispensável para a "sobrevivência" na sociedade virtualizada.
Para exemplificar, conto um fato que me ocorreu recentemente:
Um dia desses, resolvi verificar o que minha mãe fazia à noite, sozinha, em um escritório dentro de casa, com luz acesa, de frente para o computador. Não era trabalho de escola, não era jogo, não era trabalho, mas, sim, eram as redes e comunidades virtuais que prendiam sua atenção e às vezes arrancavam dela umas boas gargalhadas. Que engraçado! - Pensei eu. Nem se me pagasse eu faria um negócio desses, ficar digitando tudo o que eu quero falar... É mais fácil ligar para a pessoa... Idéia de doido...
Depois, comecei a reparar que, minha mãe, minhas tias, minha irmã, minhas amigas, meus colegas de faculdade e de trabalho e, pasmem, até meu namorado, tinham perfis e AMIGOS, é, amigos virtuais.
De lá pra cá começaram a me perguntar se eu tinha orkut, msn, facebook e mais um monte de coisas que eu nem sabia usar. E mais, eu era estranha. "VOCÊ NÃO TEM ORKUT?" com indignação, era o que eu sempre ouvia.
Resolvi então, me aventurar nessas viagens pelas interfaces digitais e hoje já consigo admitir com pouco orgulho que mantenho um pequeno capital digital no orkut e no twitter. Mas não foi exatamente como me falaram. No início, mil maravilhas. Você pocura todos os seus amigos, os segue, eles te seguem, numa eterna troca de "teclagens". Mas chega uma hora que você fica cansado de digitar, começa a abreviar palavras e as frases começam a ser tão parecidas quanto a sua rotina. Você não sabe mais para quem você perguntou uma coisa que outra pessoa está te respondendo. e você não consegue acompanhar o ritmo dos "24h plugados". Aí, você começa a perder seguidores, porque você não tem mais tanto pra falar - e não é todo mundo que gosta de expor sua própria vida - eu não gosto!
A primeira coisa que você vê no twitter é uma pergunta: "what is happening?"
"Nothing" ou "não interessa" seria melhor dizer. Mas seus amigos querem saber. Se você não diz, ninguém te segue. É um eterno ciclo vicioso. Aliáz, eu já falei que a internet vicia? É só uma suposição, mas, voltando à história, eu agora só escrevo o que quero e quando quero e o meu lema no twitter é: "sigam-me os bons" - talvez por isso eu só tenha 9 segidores. Mas tudo bem. O importante é que eu mantenho os meus relacionamentos físicos e, mesmo que eu não mantenha um contato virtual constante com os meus amigos que estão distantes, é sempre bom fazer uma visita. Agente passeia, faz uma surpresa pro amigo e ainda coloca o papo em dia. De qualquer forma, eu não poderia digitar tudo o que tenho pra falar com uma verdaderia amizade. E além do mais, é bom que eu evite aqueles tais 'laços fracos" de que falam Dunbar e Bernad... é sempre bom conversar e, às vezes, é bom teclar.

Referência:http://veja.abril.com.br/080709/nos-lacos-fracos-internet-p-94.shtml

Wendy M. A.

segunda-feira, 28 de junho de 2010

65 anos de Raul

Hoje Raul Seixas completaria seus 65 anos de uma existência que, mesmo após duas décadas de sua morte ainda deixa marcas e saudades.
Não fosse o seu estilo, seu comportamento ou ideais, ainda assim, o que não sai da cabeça e o mantém inesquecível é a sua música. MUSICAS, melhor dizendo e foram muitas.
Sob influência do que fora chamado contracultura e propagando o movimento do desbunde, Raul defendeu quebrar pardigmas, mas o que a sua expressão cultural e artística realmente deixa como principal mensagem é a busca pela consciência, estarmos atentos às tensões de nossos tempos, ainda assim, buscarmos a liberdade, defendo a nossa existência, é ainda, uma esperança. Utopias. Não esquecemos.
A "mosca da sopa" e o "carpinteiro do Universo" deixa-nos ainda o ideal de buscar a união das vontades individuais na construção de uma sociedade mais alternativa. Pois como dizia PRELÚDIO, "sonho que se sonha junto é realidade".
Wendy

domingo, 27 de junho de 2010

"A sabedoria própria dos sábios consiste em uma extraordinária dose de bom senso (Reitor W. R. Inge)

As respostas prontas nunca satisfazem por completo aos verdadeiramente sábios, porque as recebem sempre incompletas, na medida em que falta a interpretação, inerente à recepção ativa dos pensadores. Mas, é aquela velha história, "algumas pessoas só escutam o que querem ouvir". "Não querem se dar ao trabalho de pensar". Ou "se acham donas da verdade". E mais velha ainda (aplica-se aqui um antigo clichê?), "as respostas estão dentro de nós". Talvez sim, no sentido em que cada um tem a sua própria verdade, porque as frases, os enunciados, as idéias nunca estão completas, dependem sempre do outro para existirem, para serem ouvidas, para serem interpretadas.
Não, não me perdi no caminho, ainda falo de bom senso.
Mas, o que tem então, isto a ver com a sabedoria própria dos sábios?
Ué, para saber é preciso pensar.
Que papel tem esse pensamento em cada questão que nos intriga?
É por esta via que se descobre, que se compreende, que se encontra a lógica, que se constrói outros pensamentos. E daí, provém muita sabedoria.
Seria este o grande primeiro passo para adquirir bom senso e aproximar-se do saber do saber?
A maioria das questões que confrontam a nossa vida diária não precisam ser respondidas, mas pensadas. E assim pensando, questionando, raciocinando, vive-se melhor, compreende-se melhor aos outros, ao mundo e a si mesmo.
Mas isso não se consegue de uma hora para outra - tenha bom senso! - vem do constante exercício do pensar. Os resultados vão depender do processo, de como você descobre que é impossível saber de tudo, que você pode sim estar errado, que as pessoas mais simples podem saber muita coisa mais do que você, que as emoções podem governar seus pensamentos e que talvez você não as controle tanto assim. E talvez você comece a perceber que o mundo não é só o que você vê, que os pré conceitos e julgamentos embaçam as suas vistas, que as idéias dos outros não são sempre piores do que as suas e que você não tem que acreditar sempre neles, mas também na intuição. Ou, talvez, você já tenha pensado no assunto, e comece a se perguntar por que o mundo do trabalho prioriza tanto mais a prática do que a teoria e como você pode mudar seu mundo a partir do pensamento.
Nesse movimento de encontrar-se no mundo e ao mundo em si mesmo, também se encontra a sabedoria. Tudo começa no ato de pensar. Isso é questão de bom senso. Foi Inge quem disse isso.

Wendy M. A.

sexta-feira, 25 de junho de 2010

O que Freud NÃO explica?


O senso comum transformou a psicanálise em uma caricatura na frase “Freud explica”. Como dizem que Freud tinha um senso de humor refinado vamos homenageá-lo e rir um pouco com a seguinte enquête:Se Freud explica quase tudo o que será que Freud NÃO explica então?

quinta-feira, 24 de junho de 2010

O que significa pensar?

Boa pergunta para inaugurar as postagens do nosso blog, hem!?
Muitos filósofos buscaram responder esta questão, às vezes concordando às vezes não com as ideias uns dos outros. Como é de costume acontecer na construção de qualquer conhecimento. Dentre alguns filósofos que respondem a indagação sobre o que é o pensamento está Heráclito quando diz que a lei que governa o mundo e, portanto a mente do homem , é o lógos, que pode ser traduzido(entre outras traduções) por pensamento. Todos os homens pensam, Descartes também compartilha de algo próximo dessa ideia quando diz que, se o homem pensa, logo ele existe! Mas para Heráclito existe uma profunda diferença na maneira de pensar dos indivíduos, para ele alguns ainda permanecem “adormecidos” seriam aqueles que se limitam a percepções imediatas, ao senso comum. Em contrapartida existem os “despertos”, aqueles que utilizam o lógos de maneira consciente. Veja que interessante, segundo Heráclito todos tem o lógos, mas só os “d-espertos” sabem! E o sabem porque pensam. Lembremos aqui de Sócrates e a ideia de que a consciência da própria ignorância já é uma forma de conhecimento. Sábio então seria aquele que admiti não saber, mas que busca incessantemente conhecer a si mesmo. Mas isso não é uma tarefa fácil...Pensar...Despertar...Conhecer...A si mesmo então!
Para ilustrar quão difícil é utilizarmos tal capacidade termino este post com Heráclito:
“Os confins da alma nunca poderás encontrar,
por mais que percorras os seus caminhos,
tão profundo é o seu lógos.”

Pollyanna Paiva Santos da Rocha

O homem, a dúvida e a Filosofia